domingo, 5 de abril de 2020

As marcas do tempo I

 Li este texto, que cito, escrito há cerca de quatro anos e dei comigo a esquartejá-lo.

"... para te dizer que te amo!
para te dizer que és uma mulher linda!
para te dizer que me completas!
para te enviar um beijo!
para te enviar um ABRAÇO!

até já..."

Dizer isto, ou melhor, escrever isto é brutal!
É a mais simples e mais completa declaração de amor.
Está lá tudo.
"... para te dizer que te amo!"
Só isto seria suficiente para estremecer qualquer mulher, principalmente porque os homens têm dificuldade em assumir e verbalizar o amor, sentem-se fracos por o fazerem, porque homem tem de ser duro, homem é homem!
Vestem uma capa endurecida pela ausência da palavra que lhes esconde as fragilidades.
Este homem foi corajoso. Assumiu, verbalizou, escreveu. Ficou gravado.
"... para te dizer que és uma mulher linda!"
O conceito de beleza, aqui, é muito abrangente: beleza exterior? Interior?
Será que esta mulher tem apenas dotes físicos relevantes no seu quadro de referência que a qualificam como bela? Ou esta mulher revela qualidades que a colocam num patamar de Ser Humano autêntico, de Essência pura do Ser?
Ele responde:
"... para te dizer que me completas!"
Corajoso! Este homem reconhece, assume, verbaliza, escreve que lhe falta algo para ser completo. Esta mulher. Para ser inteiro, este homem precisa desta mulher e assume.
"... para te enviar um beijo!
para te enviar um ABRAÇO!"
A concretização deste amor reflectido num beijo e num abraço, um abraço todo em maiúsculas, revelando, talvez, uma completa cumplicidade e especial apreço pelo acto de abraçar que os dois partilham.
"... até já..." 
A certeza do encontro.

Esta foi a mais simples e maravilhosa declaração de amor que alguma vez li.
No passado.

Maria Adelaide Santos

Porquê?


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